terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Pensamento Novo - 1ª Parte

As diversas abordagens da ciência no Século XX, fazendo novas descobertas e inveções, em especial na Física, colocaram na ordem do dia uma nova leitura da natureza, a necessidade portanto de um segundo olhar sobre a realidade que nos cerca.

A natureza não é mais a mesma. Nada é absolutamente concreto, definitvo, nem o conhecimento.
Na realidade mais profunda, a natureza revelou-se instável, dinâmica, um permanente vir a ser, onde seus componentes básicos surgem e desaparecem à velocidade da luz, de tal forma que nos "aparecem" estáveis, imóveis.

Quando olho para uma mesa, por exemplo, ela me parece fixa, imutável. Mas, se amplificá-la revelando o infinitamente pequeno, vejo o turbilhonar de particulas aniquilando-se e resurgindo em pacotes regulares, de acordo com a frequência em que meus olhos veem, ou seja, meus olhos não percebem os intervalos entre os pacotes porque captam o movimento das particulas nos mesmos instantes em que "aparecem", em um ritmo simétrico. Da mesma forma, quando toco a mesa, sinto-a compacta, sólida. Mas, isso não passa de um efeito sincrônico entre as particulas de ambos, sujeito que percebe e objeto percebido. Assim como meus olhos captam na mesma frequência dos pacotes de luz, as particulas que compõem as moléculas das mãos também vibram na mesma cadência. É uma simetria surpreendente, orquestrada. (Haveria um Maestro?)

Imagine um sala com vinte carteiras, nas quais sentam-se vinte pessoas. A cada segundo, entra uma pessoa pela porta principal e, simultaneamente, sai uma outra pela porta secundária, a velocidades próximas a da luz. Apesar do entra e sai, meus olhos veem permanentemente todas as carteiras ocupadas, embora não pelas mesmas pessoas. É como se piscasse a cada entrada-saída. Portanto, não apreenderia o movimento de troca.

Agora, vamos entrar no campo da pura especulação. A Fenomenologia nos diz que os fenômenos, aquilo que vemos e percebemos como exteriores a nós, nos "aparecem" em face da relação entre o sujeito e o objeto. Portanto, como os sujeitos são diferentes, ninguém vê da mesma forma as mesmas coisas. Muito bem. Por trás dessa diversidade de "aparições" deve haver um "ser" do fenômeno, algo que ele é, independentemente de quem olha, ou de ser olhado. Mas, ainda segundo a Fenomenologia, esse "ser" do fenômeno, embora exista, é indeterminado. Ele só é determinado no instante da relação sujeito-objeto.

Dando asas à imaginação: será que podemos aproximar esta visão com a da física quântica e deduzir que se, de um lado, o constante rearranjo subatômico dos objetos e, de outro, a singularidades dos sujeitos, fazem com que os fenômenos sejam sempre colapsos de onda singularizados? (conforme algumas interpretações da física quântica, não muito aceitas por parte dos cientistas). Em outras palavras, nós, inevitavelmente, rearranjaríamos singularmente cada objeto.
Voltando ao exemplo da sala com carteiras, é como se a cada instante um sujeito diferente olhasse para dentro da sala.Cada um veria sempre vinte pessoas sentadas, mas não as mesmas. ( Assista ao vídeo ao lado)
continua....

2 comentários:

Guilherme Knopak disse...

Rui
O exemplo da observação de uma sala de aula por diferentes observadores é extremamente bem colocado. Penso que uma grande tarefa da fenomenologia, com a bem sugestionada ligação com a física quântica, seja demonstrar que variáveis interferem na possibilidade de cada singularidade "colapsar" diferentes pessoas na sala de aula. Teria que se refletir qual a margem de liberdade do espírito frente ao aparelho biológico que anima e a cultura a qual pertence.
Abraços

Anônimo disse...

Guilherme Knopak disse...

Bem, já que o negócio é fazer livres especulações e colocar idéias, quero fazer alguns comentários com relação aos meus entendimentos sobre o espírito da verdade. Se o irmão Grimm coloca que o espírito da verdade é o terceiro incluído, e este terceiro incluído visa harmonizar e fazer conviver duas situações que aparentemente são contraditórias, fico imaginando quais os termos dos quais o espírito da verdade seria o terceiro incluído. De acordo com as idéias expostas pelo irmão Grimm, imagino que o espírito da verdade possa ser o terceiro incluído entre a irredutibilidade do singular e a essencialidade do pertencimento. Se observarmos bem, estes termos, numa primeira apreensão, podem parecer contraditórios. Penso que a expressão de um no outro se faz na revelação da verdade. Ou melhor, do espírito da verdade. Sempre que um espírito singular expressa singularmente uma verdade que contempla a essencialidade do pertencimento, ele está revelando o espírito da verdade, já que ao manifestar-se individualmente ele faz referência a toda humanidade. Além disso, a impressão que dá é que o irmão Grimm vem de várias formas, e com maior ênfase na fenomenologia, tentanto demonstrar como cada um faz expressão de si e, principalmente, quando na expressão individual é manifesto o que é universal (lembrar de metábole, conatus, pristina, etc).
Bom, é isso ai. O que acham?